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Posts Tagged ‘Copa do Mundo de 1986’

Holanda 2 X 0 Dinamarca

O primeiro jogo desta segunda-feira não foi tão bom quanto se imaginava. A Holanda, que mais uma vez chega a uma Copa do Mundo como favorita, não jogou com força máxima, já que sua principal estrela, o meia Arjen Robben, continua se tratando de uma lesão. Os dinamarqueses, por sua vez, forjaram a contusão do atacante Bendtner e anunciaram a semana inteira que o jogador do Arsenal não teria condições de jogo. Quando as equipes entraram em campo, lá estava ele, titularíssimo. Mas nem isso conseguiu ajudar a Dinamarca, que não apresentou muitas qualidades e perdeu para uma Holanda pouco inspirada por 2 a 0.

A partida foi morna na primeira etapa. Os volantes dinamarqueses paravam o jogo a todo instante com faltas, deixando o confronto truncado e desinteressante. Os holandeses pareciam jogar em marcha lenta, sem o ânimo apresentado no último amistoso de preparação para a Copa do Mundo, quando a equipe do técnico Bert van Marwijk atropelou a Hungria com uma goleada por 6 a 1. Sneijder tentava decidir sozinho e em alguns lances, ao invés de levantar a bola na área, preferia chutar direto para a meta, isolando todas as cobranças. A Dinamarca teve apenas um lance perigoso, num cruzamento de Rommendahl, que Bendtner cabeceou para fora.

A segunda etapa começou quente. No primeiro minuto, Van Persie cruzou, a zaga dinamarquesa se atrapalhou toda e os desvios de Simon Poulsen e do zagueiro Agger deram o primeiro gol para a ‘Laranja’. O jogo continuou devagar após o tento. A Holanda parecia estar satisfeita com a vitória magra e a Dinamarca demonstrava fraqueza para buscar o empate. Mesmo assim, os holandeses levavam mais perigo, tanto que aos 40 minutos, Sneijder lançou para Elia (que entrou bem no jogo) e o jovem talento holandês tocou na saída do goleiro. A bola tocou na trave e o atacante Kuyt pegou o rebote para fazer o segundo.

A vitória por dois gols de diferença foi um bom resultado para um início de Copa do Mundo, mas a Holanda ficou devendo futebol. A Dinamarca pode até se classificar para as oitavas de final, mas se isso acontecer, será mais pela fraqueza dos adversários do que por méritos próprios. Tem tudo para ser coadjuvante no Mundial.

Japão 1 X 0 Camarões

Mais um jogo tecnicamente fraco neste Mundial. Japoneses e camaroneses se preocuparam mais em se defender e se esqueceram de atacar. Com número bem menor de passes errados, o Japão conseguiu a vitória por 1 a 0 e aumentou as esperanças de chegar à próxima fase.

Um dado pode traduzir melhor o que foi esta partida. Até aqui, foi o jogo mais faltoso da Copa do Mundo, com 49 intervenções. A bola rolava um pouco e alguém sofria falta. Rolava mais um pouco e outro jogador era parado com uma infração. A Seleção Camaronesa demonstrou desentendimento e falta de aplicação tática dentro de campo. Os passes errados, a falta de jogadas ensaiadas e a lentidão prejudicaram os africanos. Os asiáticos foram pragmáticos e não tomaram muitos sustos na defesa. O nipo-brasileiro Marcus Túlio Tanaka fez uma boa partida e parou o ataque camaronês em 16 oportunidades.

Já que faltava qualidade, o gol só sairia em algum erro individual e isso aconteceu aos 39 minutos da primeira etapa. Matsui cruzou a bola na área, a zaga africana falhou feio e Honda recebeu sozinho, dominou e chutou na saída do goleiro. Um balde de água fria nas pretensões de Camarões, que sonhavam em melhorar a campanha obtida na Copa do Mundo de 1986, quando surpreenderam o mundo e chegaram às quartas de final do torneio.

A segunda etapa teve poucas mudanças. Samuel Eto’o, a maior esperança de Camarões, enfim, conseguiu fazer sua primeira jogada aos 4 minutos, quando driblou três defensores japoneses pela direita e rolou a bola para Moting, que chutou rente ao travessão. Foi a chance mais aguda da equipe e também o único momento brilhante de Eto’o no jogo. Outro lance perigoso aconteceu no final, quando M’bia arriscou de longe e a bola explodiu na trave do goleiro Kawashima.

A próxima rodada do grupo E acontece no sábado (19/06). A líder Holanda enfrenta o empolgado Japão em Durban, enquanto Dinamarca e Camarões se enfrentam em Pretória. Quem perder deste confronto já estará eliminado do Mundial.

Itália 1 X 1 Paraguai

O confronto entre as duas forças do grupo F foi bastante movimentado como era de se esperar. Os atuais campeões mundiais perderam qualidade de 2006 para cá, com jogadores envelhecidos e um ataque ineficaz. Para as pretensões italianas, o empate por 1 a 1 com o Paraguai não foi o ideal, mas os sul-americanos ficaram satisfeitos com o resultado.

A Itália dominou a partida, pressionou o Paraguai e criou inúmeras chances de gol. Mas os paraguaios não foram presa fácil. Souberam se defender bem, com a garra típica do futebol sul-americano e ainda conseguiram surpreender na única chance real que tiveram. Aos 38 minutos, Torres jogou a bola na área e o zagueiro Alcaraz fez o gol de cabeça, nas costas de Fábio Cannavaro. Os paraguaios comemoram muito, afinal, o atual elenco é apontado pela imprensa do país como a melhor seleção da história guarani.

Azzurra voltou do intervalo com a obrigação de ser mais contundente no ataque e buscar o empate. O objetivo europeu por pouco não foi por água abaixo, quando logo no início da segunda etapa o meia Cáceres chutou de primeira e a bola passou perto do ângulo, se perdendo pela linha de fundo. Depois disso, só deu Itália. A pressão surtiu efeito aos 17 minutos, quando Pepe cobrou escanteio e De Rossi, livre, só teve o trabalho de empurrar a bola para a rede. O empate animou os italianos e fez com que os paraguaios recuassem ainda mais. As tentativas foram frustradas e o empate foi justo. A Itália teve mais posse de bola e dominou grande parte do jogo, mas o Paraguai conseguiu se defender bem, mostrando mais uma vez que a zaga é um setor  tradicionalmente forte da seleção.

Domingo (20/06) as equipes retornam ao campo para disputarem a segunda rodada do grupo. O Paraguai encara a Eslováquia em Bloemfontein, às 8h30 e os italianos enfrentarão a Nova Zelândia em Nelspruit, às 11h.

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Walter Casagrande Júnior, 46 anos, ex-jogador de futebol e atual comentarista esportivo. Revelado pelo Corinthians no início dos anos 80, o atacante fez parte da Democracia Corintiana, período em que os jogadores tinham participações nas decisões tomadas dentro e fora dos gramados. Ao lado de Wladimir, Sócrates e Zenon, Casagrande fez parte do maior movimento ideológico de um clube de futebol no país. Ídolo alvinegro, o atleta também jogou pelo São Paulo, pelo Porto, de Portugal, pelos clubes italianos do Ascoli e Torino e pelo Flamengo. Pela Seleção Brasileira, Casagrande disputou a Copa do Mundo de 1986, no México.

Quando encerrou a carreira, se tornou comentarista da TV Globo. Durante todo esse período, Casagrande sempre conviveu com a dependência química. Então viciado em cocaína e heroína, o ex-jogador ficou internado por um ano numa clínica de reabilitação e hoje, aos poucos, retoma a sua vida. Em entrevista exclusiva ao Macedo Futebol Clube, Casagrande revelou suas dificuldades, sua superação e as palestras motivacionais que faz atualmente para alertar os jovens sobre o perigo das drogas.

MFC: Por ter sido um grande jogador do futebol brasileiro, como você conviveu com a fama e com a boemia?
Casagrande: Saber ou não lidar com a fama é uma coisa meio difícil quando você está vivenciando aquilo. Eu olho para trás e acho que soube lidar, a fama nunca subiu à cabeça. Eu não era boêmio, tinha uma diferença: eu gosto muito de música, de conversar com as pessoas. Eu saía muito para ir a shows musicais ou em barzinhos, ver bandas tocarem rock e essas coisas todas. Eu nunca fui muito de beber, eu gostava muito de sair à noite. Meu problema mesmo foi com a dependência química, com as drogas, que já faziam parte da minha vida há muito tempo. E isso não teve muito a ver com a fama, isso aí é uma doença e, hoje eu sei que é uma doença, mas na época não pensava assim. Eu pensava que eu pararia quando quisesse. Então, olhando para trás, eu acho que a convivência com a fama não influenciou muito no que eu fiz, foi mesmo coisas minhas, internas, emoções e situações que eu não sabia lidar dentro de mim. Isso é insuportável. Você acaba entrando nas drogas para se anestesiar dos problemas. Ou muita felicidade, ou muita tristeza. Quer dizer, as emoções eram muito potencializadas. Por esse motivo que cada vez mais eu desenvolvi essa doença com as drogas.

MFC: Você acha que de alguma forma esse problema com as drogas atrapalhou sua carreira no futebol?
Casagrande: Não. Na época do futebol, minha válvula de escape de energia ou qualquer tipo de raiva era descarregada no esporte. Treinava muito, jogava, tinha aquela adrenalina do futebol. Acho que o período do futebol foi o mais tranqüilo da minha vida. Meus problemas com as drogas ficaram muito mais claros quando eu parei de jogar futebol.

MFC: Você ainda tem algum acompanhamento médico e psicológico?
Casagrande: Eu tenho duas psicólogas que me acompanham diariamente. Como faz mais de um ano que saí da internação, o acompanhamento atualmente é menos intensivo, pois aos poucos eu aprendi, novamente, a caminhar sozinho. De qualquer forma, quando eu quero e preciso da ajuda delas, saio para conversar e sou prontamente atendido. Além disso, toda quarta-feira eu faço terapia com um psiquiatra.  É necessário um auxílio médico, acho que só a força de vontade não dá.

MFC: O seu trabalho como comentarista de futebol da TV Globo te ajudou na recuperação?
Casagrande: Com certeza. Hoje eu sou uma pessoa melhor. Eu me entendo. Antes era uma confusão, eu não sabia porque eu me destruía tanto se eu tenho uma vida tranqüila, me relaciono bem com as pessoas, tenho três filhos, fui bem sucedido no esporte e estava sendo bem sucedido na minha carreira como comentarista. Qual era o motivo de eu me autodestruir? Por que eu fazia aquilo? Até certo ponto eu quase me destruí mesmo. Sofri um acidente automobilístico em 2007 e esse foi o período mais crítico da minha vida. Eu poderia ter morrido, não só no acidente, mas por toda a minha autodestruição diária.  Então, fiquei internado por um ano numa clínica fantástica que me esclareceu muitas coisas e hoje eu consigo perceber qualquer movimento esquisito dentro de mim.

MFC: Você concedeu uma entrevista esclarecedora ao programa Altas Horas, da TV Globo, pouco após ter saído da clínica. O que te levou a isso?
Casagrande: Começou a se criar muita especulação sobre o meu caso. As revistas Veja e Placar publicaram matérias sobre o assunto, mas nunca ninguém tinha falado comigo. Então, dei a entrevista, pois eu queria que as pessoas soubessem a realidade. Por que eu tinha sumido? Por que eu não estava mais trabalhando naquele momento? Eu acho que o importante era eu me explicar, afinal, não tenho medo e nem vergonha do que eu sou. Eu sou um dependente químico. Eu não quero que ninguém escolha o que eu escolhi.  As pessoas escolhem o que elas quiserem, mas elas têm que saber a realidade e seus dois lados, as conseqüências de escolher um caminho que aparentemente é maravilhoso, viajante, gostoso, mas que depois acarreta problemas.

MFC: Qual é a importância de sua palestra para as crianças e jovens? Por ter superado os problemas com as drogas e ser uma pessoa famosa, você pode ajudá-los a não entrar nesse caminho?
Casagrande: Com certeza. Isso é uma história real. Não é um filme, uma peça de teatro ou uma história que alguém me contou. Eu vivi isso na pele, foi minha realidade por muito tempo. Eu não acho que seja válido você dar um tapinha nas costas dessas crianças e dizer o que pode e o que não pode ser feito. Se isso fosse a salvação, eu não teria tido tantos problemas como tive. O meu objetivo é relatar o meu caso e, assim, essas crianças avaliarão e saberão que esse não é o caminho. O prazer da vida não é subir num morro, se trancar e ficar usando drogas. Prazer é ter o reconhecimento das pessoas na rua, dos fãs, dos amigos e da família. E hoje eu tenho tudo isso.

NOTA: Essa entrevista será publicada amanhã no Jornal Notícias, de Barueri.

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